sexta-feira, 25 de julho de 2008

Depois de quase três meses....sim, Cannes!


Desde segunda (21/07) acontece, em Salvador, o IV Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual, no Teatro castro Alves. Fiz o máximo que pude para honrar minha inscrição. Consegui assistir duas palestras. Muito interessantes por sinal. Não pela dinâmica massante que perdurou alguns casos que, só o que podíamos fazer, era acompanhar a leitura das longas escrituras. Mas, o saldo final, o mais importante, é o que interessa.
Na terça, consegui chegar há tempo de assistir a palestra Cinema e História, que tinha como objetivo discutir o cinema como uma das principais ferramentas utilizadas para obtenção do conhecimento histórico. Sempre, em cada palestra, três convidados, que nem sempre discutem a risca o que se espera do tema. Mas, neste caso específico, não deixou de interessar. Uma destas foi a segunda palestrante, Dorota Ostrowska, da University of Edinburgh, com a palestra "Os Mundos da Arte nos Festivais Internacionais de Cinema".
Bastante atual e curioso, ela fez uma análise da intensa cobertura jornalística do Festival de Cannes, um dos mais prestigiados eventos de cinema do mundo, que acontece na cidade francesa desde 1946. Na edição 2008, que ocorreu em maio, parece que a turma do hemisfério sul delimitou seu espaço de antemão. Só se via América Latina, especialmente o Brasil. O que ela traz de novo é influência dos artigos publicados em relação ao consumo posterior e também, sim, no resultado do próprio festival. Dorota Ostrowska contou que é quase impossível estar naquela seleta platéia e não ler as publicações, de modo a proporcionar uma inversão de foco de interesse, tendo como 'evento' maior o festival escrito de cannes.
O senso de certeza repassado aos leitores que determinado filme vale a pena assistir, muito antes de ser inclusive apresentado em Cannes, segundo a pesquisadora, é a provável costatação de que ele estará lá, na lista de vencedores. Ou, na pior das hipóteses, com o auge do interesse do público em torno do título. Não tão populares, assim se tornam a partir da contextualização que se dá. O histórico do autor, os outros filmes por ele dirigidos, a repercussão destes outros, a importância dos atores, tudo influi. A atribuição de valores dos resumos (como chamou), de acordo com ela, se dá por vários aspectos, como a dimensão artística, as perspectivas econômicas, sociológicas, etc.

Ela diz que o cinema brasileiro foi 'empurrado para frente', até porque muitas propagandas de filmes brasileiros se espalhavam por lá. Como destaque, Ensaio sobre a Cegueira ('Blindness'), dirigido por Fernando Meirelles, tido como o melhor filme de abertura do festival nos últimos cinco anos; e Linha de Passe, de Walter Salles e Daniela Thomaz, conceituado pela revista inglesa Screen como 'sólido e envolvente', entre outras, conseguiu o reconhecimento internacional e, de quebra, o prêmio de melhor atriz para Sandra Corveloni.

Com tantos méritos nacionais, não se sabe lá da onde vem tamanha democracia. Para Dorota, a autonomia está cambaleando a seriedade do julgamento. "Acredito que os festivais não são muito confiáveis. Eu espero que no futuro os festivais sejam menos voláteis", esta foi sua última frase da apresentação. Para nós, fica o respaldo.


Um comentário:

Thiago Guimarães disse...

Ensaio sobre a cegueira!! Tô acabando de ler o livro e doido pra assistir o filme, entrará em cartaz dia 12 de setembro. Adoro os trabalhos de Fernando Meirelles são de uma sensibilidade ímpar!

PS:http://www.ensaiosobreacegueirafilme.com.br/ ... nesse site tem o link do blog onde Fernando fala sobre a produção do longa e outras coisas mais... interessante pra quem curte cinema.

Abraço,
Boa semana!