segunda-feira, 6 de julho de 2009

BUENOS AIRES: 10 DIAS


Podia passar despercebido, mas talvez seja um ótimo motivo para retornar às minhas escritas e ao universo virtual. Uma semana e três dias é muito para quem só queria dar uma fugidinha, respirar novos ares. Saí de Salvador até Buenos Aires impulsionada no ânimo de aterrisar em outro asfalto, imaginando como seria aquela terra que todo mundo fala, a "Europa da América Latina". Logo na primeira noite um uruguaio já entoava bêbado na porta da boate: "Buenos Aires é o pior país da América Latina". Divertido. A constatação talvez tenha vindo em defesa de si próprio. Buenos Aires passa aquela característica, por mim, já apregoada através da seleção de futebol do país, um espírito aguerrido, forte, independente.

Não sei se a importância do Brasil não recai com naturalidade entre nós, brasileiros, mas lá, na província de Buenos Aires, um nível elevado de patriotismo ganha destaque pela cidade através simbologia da bandeira. Está nas ruas, em prédios e nas praças, astiadas. Em conversas, também é perceptível. Para eles, é lá que está melhor queijo, pizza, carne... e corrupção, também há, ok, como em todo lugar.

Um adendo faz-se aos dentes. Talvez muito fumo, talvez tanto café, quem sabe, homérica coincidência, mas, o fato é que a qualidade dos dentes está muito aquém do agradável, era assustador. Um desperdício no conjunto.

Es la gente muy amable. Não há como deixar passar. Cuidadosos, informados e preparados. Desde histórias nacionais, o porquê dos nomes dos bairros, até a falta de moedas no país... os argentinos, mais precisamente, os ambulantes argentinos - quem nos fez reparar - sabem, gostam de saber, de conversar.

No domingo, na famosa feira de San Telmo, passou um deles, vendia jogos para crianças. Sabia falar espanhol, inglês e português (deve se virar em outras línguas, tenho certeza)... Ao lado, duas mulheres. Perguntou para nós quem são e, com caras de jecas, respondemos: "americanas".

- "Ah, e vocês, o que são?"

- "Brasileiras"

- "Hum, quer dizer que o Brasil não está na América?"

Pronto, lástima. E aí desenrolou. Disse que em Buenos Aires, os "americanos" são "estadunidenses". Lástima aprendida.


~ Lindo de mais belo: os parques, lagos, os patos. Que inveja! Nem me impelia a falar ou continuar lembrando do Parque da Cidade, aqui de Salvador. Para quê academia, existem parques para caminhar. Para quê sofá se há parques para ler (mesmo as praças). Para quê encontro em shopping se há parques para conversar. Em Buenos Aires existe espaço urbano e as pessoas os utilizam, dá gosto. Também quero um, daquele tipo, naquele clima.

Seres individuais passam, não um coletivo pré-montado. No ar, nota-se um aroma independente, um é um, cada um na sua. Depara-se, aos instantes, com arte, com história, com o presente. Por manifestações ou vestígios urbanos. Muitos stencils, perceptível e sozinhos, aos montes. O interessante é o que agrega.

Ah, e tudo o que é turístico é bom.





Um comentário:

Daniel Luiz Costa disse...

Olá querida Tatiana, estamos com a nossa primeira viagem programada para Buenos Aires. Estaremos lá entre os dias 13/04/2012 e 25/04/2012 (11 dias e meio, descontando o tempo que será gasto nos aeroportos). Você acredita que essa estadia será muito longa para que possamos curtir Buenos Aires? Pensamos em separar parte desses dias p fazer uma viagem de ônibus até Mendoza. Outra ideia seria passar uns 2 ou 3 dias em Montevideo. Vale a pena frisar que eu e minha esposa gostamos de nos aprofundar na cultura local. Procuramos ir além do circuito estritamente turístico. Sempre tentamos enxergar a face verdadeira dos locais que visitamos! Levando isso em consideração, qual seria o seu conselho? Devemos dedicar todos os dias a BsAs? Ou devemos pensar seriamente em dedicar parte dos dias para conhecer outro local? Neste caso, qual local adicional vc indicaria? Abraços! Daniel & Michelly