domingo, 20 de julho de 2008

Em qualquer lugar, quem manda é Dantas. Será mesmo só o começo?

Para os que estão acompanhando as polêmicas entorno da operação Satiagraha sugiro que leiam a revista Carta Capital (n°504 - 16 de julho de 2008). Desde Novembro de 1998 até Dezembro de 2006, foram 18 capas dedicadas às investigações jornalísticas relacionadas a Daniel Dantas. 18 matérias de capas...é muito 'pano pra manga'! Fatos não repercutidos pelo resto da imprensa, não me pergunte o por quê.

Por meio de representaçõs policiais, noticia-se que as atividades dos envolvidos voltar-se-iam ao cometimento de delitos de quadrilha ou bando contra o sistema financeiro nacional, contra o mercado de capitais, de tráfico de influências e eventualmente lavagem de valores, com auxílio de alguns representantes dos meios de comunicação para veiculares informações com o objetivo de distorcer a realidade e franquear resultados favoráveis a seus interesses, despacho do juíz Fausto de Sanctis, que autorizou a prisão de DD, Nahas,e mais ou 20 acusados.

Beleza, muita gente com rabo preso. Os boatos são que as verdades das investigações são capazes de parar o país. O poder de Daniel Dantas já pode ser percebido, pelas suas próprias declarações, constatada por escutas. Especialmente no episódio em que dois de seus comparsas tentaram subornar o delegado Victor Hugo Alves, " a preocupação de Dantas seria apenas com o processo na primeira instância, uma vez que no Superior Tribunal de Justiça e no Supremo Tribunal Federal ele resolveria tudo com facilidade", dizia um deles.

O esquema, segundo informações colhidas pela Carta Capital, é a própria alma das relações entre política, altas finanças e interesses privados impublicáveis. Ainda sobre a revista, Dantas construiu, da metade dos anos 90 para cá, uma estrutura de poder que buscava influenciar a Justiça, os meios de comunicação e corromper autoridades.

São várias as provas expostas pela revista que sustentam o poderio da quadrilha: a proibição da abertura dos disco rígidos dos computadores coletados pela PF, veto dado pela ministra do Supremo, Ellen Gracie; o patrocínio de 40 milhões no esquema intitulado mensalão; o repasse de um dossiê publicado pela revista VEJA, em 2006, com informações reconhecidamente falsas (investigadas pela PF), na qual acusava Lula de manter uma conta de 38,5 mil dólares (fora os outros ministros da época), etc, etc e etc... (leiam mais na CC)

Adestrado pelo falecido Antônio Carlos Magalhães, Dantas aprendeu direitinho. A repercussão é o que surpreende. Pelos programas que tenho visto, especialmente na Globo News, com participação de ex-ministros do supremo, filósofos, cientistas políticos, economistas de calão, nada deveria ser o que é. Ninguém discute a importância da operação, as consequências que virão a ter, o que muda no cenário político. O alto índice de aprovação do povo pelo trabalho da PF, é dito de forma pejorativa ('pq os pobres gostam de ver algemados os de colarinhos brancos'). Ah, não é pra gostar? A 'Justiça' não pode ser, nem na 1° instância, comemorada? O império da lei é subordinado explicitamente por interesses não mais obscuro. A comprovada corrupção não é reprimida, já é normal. O que está sendo relevante de tudo isso, me parece o banal: o uso de algemas, o abuso de poder. Não discordo da merecedora discussão, mas o prioritário, no momento, é o que levou à questão, a investigação de quase quatro anos em torno da quadrilha de DD e Naji Nahas. Critérios jornalísticos.


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