domingo, 17 de agosto de 2008

Loucos por Olímpiadas

Mesmo os detalhes forjados da abertura dos Jogos Olímpicos não desmerecem a grandiosidade que a China resplandece. Um país cheio de gente, de etnias, uma mescla incomum do socialismo com o capitalismo dos tempos modernos, quase um símbolo desta e, ao mesmo tempo, o avesso. Avesso ambíguo. Um país milenar, perfeccionista, cultuador das raízes bem presas no solo de suas modernas cidades. Cheio de censuras. Consequências históricas. Num evento que propõe unir as disparidades, igualar povos, efervecer o sentido de patriotismo, o mundo se junta ao oriente.
Louco por olímpiadas. Não há momento que iguale o que estes jogos proporcionam ao espírito esportivo. Mesmo quem não é protagonista, vive a história e, principalmente, divide as emoções. Certos dos tantos 'problemas' que o avanço no nível da competição acarreta, como as alternativas de dopping e as disparidades tecnológicas mais acessivas às conhecidas potências, resta saídas, como a superação. Nos Jogos Olímpicos, vemos que o sentido de superação não é próprio apenas dos brasileiros, dos pobres brasileiros, que se superam no seu cotidiano exclusivo. É o de todos que precisam, de quem quer mais e de quem acredita. A raça, aquela força inspiradora que vem de lembranças, das promessas, de muito trabalho, fica na frente de qualquer cansaço. Antes do apito final, nada é de ninguém.
É difícil julgar de longe. Mas, no jogo que era o da vez, que a raça deveria expor o suor escorrendo nos rostos, na camisa da cada jogadora da seleção feminina de handball, não aconteceu. Logo elas que não ganharam as partidas anteriores por pouco, bem pouco. Que conseguiram uma vitória contra as vices campeãs, Coréia do Sul, por vontade. Poderiam ter passado a Suécia e, agora, estariam nas quartas de final. Deveriam por orgulho, no bom sentido. Até porque tinham condições. Mas. Como telespectadora, as senti apáticas. Contrastavam-se com o entusiasmo das belas loiras suecas. Eram passivas na defesa e, também, no ataque. Tão permissivas que eu desisti de torcer. Era a esperança de vê-las lá, na busca por fazer a história esportiva do handball brasileiro. O bom é que minhas esperanças se redobram pela seleção masculina. Dos sonhos.
As palmas então vão para a dupla de volei de praia, Renata e Talita. De tão que jogaram desbancaram as favoritas australianas Barnett e Cook, por 2 a 0, e agora se preparam para vencer as teoricamente favoritas ao ouro da competição, as americanas Walsh e May, que ganharam fácil da improvisada dupla brasileira Renata e Ana Paula. Um improviso muito produtivo. Voltando, Renata e Talita (ou Talita e Renata?) são, sem dúvidas, sinônimos de superação.
Como Cesar Cielo, indiscutível. Como pensar que não se pode ganhar? Mesmo sem o dito favoritismo, ele aplicou o que treinou, acreditou, confiou e deu certo. Não é que deu? Encravou o nome na história. Mais um, ainda bem. Engatando pela percepção de telespectador, não é este entusiasmo que percebo na equipe de ginastas, salvo exceções. Aliás, sendo direta, falo da Jade. Não a vejo arriscar, nem acreditar. A vejo conformista, com um certo medo de pressões. Talvez com medo de decepcionar às cobranças da imprensa, do Brasil. Talvez. Até compreensível´, mas há outras saídas. Se ela pode, porque não fazer? Estar entre as 10 ginastas é ótimo, é história, mas se ela pode fazer mais, deveria tentar o mais.
Pena do Diego. Que podia, certeza. Sabia que podia. Era quase o dono de uma das três vagas do pódio. Que acreditava. Que sonhava, e muito, em estar lá, lá em cima. Por uma queda inacreditável, no último lance da apresentação do solo, não conseguiu. Saiu decepcionado, arrasado. Naquele momento, ninguém mais que ele saiu assim, choroso. Péssimo. Mas ele tentou e, por tentar, se faz merecedor de aplausos, muitos, até de pé. Ele quer mais. É corajoso, é atleta!

sábado, 9 de agosto de 2008

Não mais porquês.

Parece ilógico pensar na lógica da vida, até por esta estar sempre a se confundir no seu desenrolar. A cada dia, cria-se verdades que se desmentem. Acostuma-se com circustâncias apenas passageiras. Vive-se de momentos imaginando o seu prosseguir. Percebe-se erros a se repetir. E pena a pensar, e pena por pensar. Sem fim. Sempre a planejar, imaginar, relembrar. As verdades são momentos, absolutas apenas naquele tempo. As lembranças as presentificam em devaneios que não preenchem mais. Só fica o gosto. A certeza que foi bom. Conviver com as efemeridades, encarar o desapego, acabar um livro sem precisar de fim. Revivê-los, esquecê-los. Coisas da vida. Coisas de quem vive a vida. De quem admira a pluraridade da vida. E consegue explorá-la. Sem se lamentar. Talvez seja esta a buscada liberdade. Talvez.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Que é de todos...


Visto de cima, uma imensidão de concreto...casas, prédios, muitos. Não vejo o fim. O verde da mata colore e serve como área de respiro. A famosa selva de pedra brasileira, de cores sóbrias, da sua forma, encanta. Encontro São Paulo, pela primeira vez, é verdade. E com os meus olhos, tento explorá-la. Ela, que nos meus pensamentos recentes, será minha breve morada.


Silêncio, saudade, soluço, selênio
A nau permanece mesmo quando vai
Secreta se curva, dá a gota, se agita
Se eleva no ar, resplandece e cai

- A Nave Interior - Zé Ramalho