quarta-feira, 7 de maio de 2008

Da declaração à situação...cadê a SOLUÇÃO?

Parece que a experiência hoje em dia não faz tanta diferença. No último 18 de fevereiro, o curso de medicina da Universidade Federal da Bahia completou seu bicentenário. São 200 anos. Envelhecer traz rugas...leva às doenças...e nos traz àquela nossa única certeza. Porém, com meu clichê sempre usual, estamos em 'tempos modernos' e, são inúmeros os mecanismos para dar aquela recauxutada na estética e previnir os prováveis sinais do tempo.
Mas, vai ver, a FMB (Faculdade de Menicina da Bahia) não tem recursos, ou iniciativa, ou quem sabe sorte. Os sintomas estão graves, quase irreversíveis. A infra-estrutura, principalmente do Hospital Universitário Professor Edgard Santos e do Hospital das Clínicas, disponibilizados para o internato supervisionado, não suporta a demanda e pede socorro, urgente! O resultado decadente no ENADE é o laudo médico.
Os estudantes boicotaram o Enade, tá certo. Justifica o resultado. Porém, talvez também tenha sido uma reinvindicação alternativa. Duas, aliás: tanto em relação à estrutura universitária local, quanto ao próprio método de avaliação no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes.
Mais do que o motivo, o que repercutiu foi o discurso do então coordenador do curso, Antonio Dantas, de 69 anos. Sua declaração, nua e crua, é preconceituosa e, acima de todos os preconceitos, é racista. Dantas, em entrevista concedida para a Band FM, considera que a Bahia, apesar da riqueza da beleza natural, não possui desenvolvimento intelectual e tecnológico, por conta das influências culturais. Faz comparações com outras cidades do sudeste e sul do país, que conviveram com imigrações japonesa, alemã, italiana, etc...Por isso, segundo ele, lá, a realidade é crescente, não é 'estagnada', como aqui.
A liberdade de expressão é passiva às confrotações, evidente. Desmerecendo todos os contextos, um gestor de programa de formação deve ter a intenção de lutar contra todas e quisquer deficiências. No estágio da sua vida, a mágoa de ter nascido num estado com fortíssimas influências africanas já deveria ter sido trabalhada. Daqui, ele não foi proibido de sair.
Tenho uma amiga que, por cinco anos, tentou adentrar no curso de medicina aqui na Bahia. Quase um carma. Tentou todas as possibilidades. Não passou, desistiu da terra natal. Deixou família e namorado para se aventurar no mesmo curso, agora já na Faculdade de Medicina de Petrópolis, RJ, também tradicional. Passou. Como ela, existem trilhares de outras(os) útopicas insistentes, no ótimo sentido. O porém é que nem todos têm a oportunidade de poder se manter em outras regiões. E, quais as soluções para os problemas da FMB? Reduzir o número de vagas?
Pois é essa a sugestão dos integrantes da congregação da FMB, em conferência realizada ontem, dia 6, na faculdade de medicina, em combate às “gravíssimas deficiências do curso médico - decorrentes, em especial, das carências observadas no Hospital Universitário”, segundo site oficial. Dos 175 cursos de medicina do país, 17 tiveram baixo desempenho. Dentre elas, quatro são universidades federais. Quatro não é maioria. Alguma solução há de ter. Melhoria nas instalações, novos professores, o que for. A professora Helenemarie Shaer Barbosa, nesta mesma reunião, foi nomeada pelo diretor da unidade, José Tavares Nato, para assumir o cargo da cordenação. Agora é aguardar.
Se a redução de vagas for mesmo solução emergencial, eu não sei sonhadores, desistam de sonhar. O que era quase impossível, se tornará inimaginável. Não acho que seja exagero.
Também não quero ser cruel.

4 comentários:

Unknown disse...

Tatiii...
Como já disse, virei fã do seu blog. Todos os dias estarei aqui atrás de novos textos.
Adorei todos os que vc escreveu!
Parabéns!
Beijos...

Morgana Daumerie Gentil disse...

tava comentando isso hoje com minha mae.. Esse ex-coordenador de curso eh um lunatico.. so pode ser.. racista e preconceituoso eh pouco..

Revolta.

Anami Brito disse...

Agora para completar o reitor da Ufba, Naomar de Almeida Filho, acusa os estudantes de traidores por terem boicotado o Enade e atribui a crise da Fameb a um problema de gestão acadêmica do curso.
O que é fato é que a lista apresentada pelos alunos em 2004 apontando as deficiências do curso foi totalmente ignorada pela universidade.
Agora é sanar as deficiências enfrentadas. Torcer e cobrar devidas atitudes da nova coordenadora

Gostei muito do seu Blog Tatiana,
Voltarei sempre aqui..

Anami Brito!

Conça Ferreira disse...

Oi, Tati,

Bom saber que você tem um blog. Dessa vez, só passei. Volto com mais tempo para ler os textos e interagir contigo. Um grande abraço!

Conça